segunda-feira, 29 de abril de 2013

RELACIONAMENTOS DE BOLSO


No primeiro ano da faculdade de psicologia um professor falava sobre a invisibilidade humana e os relacionamentos descartáveis e me interessei em saber mais sobre o assunto, consequentemente esse acabou sendo o tema do TFC que realizei com a minha amiga e psicóloga, Thaís Caires Mendonça. 
Para realizarmos o TFC,  nos focamos no estudo dos relacionamentos afetivos entre os adolescentes na atualidade, relacionamentos esses considerados descartáveis, pois são momentâneos, duram apenas alguns minutos ou horas. 
Buscamos alguns teóricos que falam do assunto, Bauman (2004), que é considerado um dos sociólogos mais influentes do mundo, e Meireles (2007). Ambos têm uma teoria sobre os relacionamentos de bolso.
A partir da teoria de Bauman (2004) e Meirelles (2007), podemos entender que vivemos em um mundo descartável, onde os jovens são motivados pela sociedade de consumo, de bens materiais ou emocionais. Os jovens entram nesses relacionamentos com a consciência de que não pode haver amor à primeira vista e onde ninguém deve satisfação a ninguém, são relacionamentos sem compromisso.
Segundo Meirelles (2007), os jovens parecem ter medo de amar, de sofrer e de se decepcionarem ao descobrir que o outro não lhe traz a tão desejada felicidade. Felicidade essa alcançada quando o relacionamento é harmonioso, onde ambos se dão bem e não há traição. Como os jovens já não sentem mais essa firmeza nos relacionamentos atuais, eles se prendem ao medo e passam a viver os “relacionamentos de bolso”.
Bauman (2004) utiliza a expressão "relacionamentos de bolso", que são relacionamentos curtos, compara estes com Vitamina C: em grandes doses podem causar náuseas e prejudicar a saúde.
Esta é a sociedade onde vivemos hoje, onde vemos cada vez menos relacionamentos duradouros.
Será que os jovens têm medo de amar e sofrer, assim como supõe Meireles?
Segundo Santos (1995), os relacionamentos atuais se baseiam no "ficar", relacionamentos esses sem compromisso, para que homens e mulheres se conheçam antes de arriscarem um namoro.
Há uma grande diferença entre os relacionamentos atuais e antigos. Nos relacionamentos atuais não há comprometimento como antigamente, hoje tudo acontece muito rapidamente, as pessoas utilizam o “ficar", para conhecer pessoas, quando encontram afinidades e se identificam resolvem seguir algo mais sério, caso contrário a pessoa é dispensada na mesma noite ou quando acabar a “curtição”.
Portanto percebemos que o “ficar”, que Bauman chamou de “relacionamento de bolso”, é um relacionamento que não tem prazos, pode durar algumas horas, uma noite, uma semana e desse tipo de relacionamento pode surgir o namoro. Pode-se dizer que no “ficar” não há envolvimento sentimental, dedicação e comprometimento. O fato de estar “ficando” com uma pessoa não a impede de “ficar” com outras pessoas, justamente pelo fato de não existir compromisso.
Na adolescência essa fase do “ficar” é importante, pois é a fase em que o adolescente está construindo sua identidade, buscando coisas e pessoas que se identifiquem, é a fase em que o jovem sofre grandes transformações antes de se tornar um adulto.
Entendemos que os jovens buscam esse tipo de relacionamento para satisfazerem suas vontades, para “curtir” numa noite na balada, enfim, a princípio é algo sem compromisso, caso haja identificação entre ambas as partes, a “curtição” vira algo mais sério, caso contrário acaba rapidamente.
Os relacionamentos breves estão ligados à necessidade do adolescente explorar diferentes identidades.
Portanto entende-se que a sociedade está mergulhando no individualismo, onde o sujeito se encontra num mundo sem valores fixos, desnaturalizado, onde ele deve achar seus próprios valores e fazer suas escolhas. A sociedade aparece como um campo de possibilidades e não como um conjunto ordenado que incluiria o homem e o universo, como nas sociedades pré-modernas. Nas últimas décadas acelerou-se a precariedade de todos os modelos pelos quais um homem pode encontrar seu posto singular no universo social individualista.

  
BAUMAN, Z. Amor Liquido: sobre a fragilidade dos laços humanos.Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2004. 129 p,

MEIRELLES, S. Relacionamentos descartáveis. Disponível em: http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2007/04/10/295297064.asp. Artigo jornal o globo online 10 Abril 2007. Acesso em: 09 Março 2009

SANTOS, L. R. Antes do namoro o ficar. Disponível em: http://www.revistapsicologia.com.br/materias/hoje/m_hoje_antesdonamoro.htm. Data de Publicação: 1995. Acesso em: 18 Abril 2009.

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